beiju-tronic tem como ponto de partida o encontro entre diferentes práticas, tornando-as visíveis através da confecção de objetos híbridos interativos e gerando uma reflexão sobre a popularização das tecnologias consumíveis a baixo-custo consideradas “plug and play”, que hoje fazem parte de um cotidiano descartável. Esta reflexão aborda o uso da tecnologia na nossa sociedade e o fazer da arte contemporânea em tempos em que estas novas tecnologias determinam, em grande medida, o modo de vida e o rumo das sociedades. Em um país onde a ideia de miscigenação é fundante, beiju-tronic propõe a produção de objetos híbridos, objetos-ensaio sobre a experimentação da “miscigenação” do ofício tradicional com eletrônica/digital de baixo custo. Quando dizemos “fazer a mão”, estamos considerando que neste fazer estão implícitos tanto processos de produção cotidianos quanto a manualidade da produção de circuitos, uso/escrita das linguagens das programações e recombinações de códigos já existentes open-source e construções de sistemas.
Em julho/agosto de 2014 realizamos o primeiro laboratório beiju-tronic em Pau dos Ferros. O laboratório foi realizado pelo “Projeto 10 Dimensões: Diálogos em rede, imagem, corpo, arte e tecnologia”, com o apoio da UFRN-PROEX/NAC, do IFRN, da FAPERN e da Secretaria de Cultura de Major Sales. O laboratório foi desenvolvido na sala de Artes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN – Pau dos Ferros) durante 8 dias. Contamos com a participação de alunos de três cidades diferentes (Major Sales, Apodi e Paus dos Ferros). Entre os alunos, o artista da cultura popular Mestre Bebé (foto), que carrega com ele a tradição do Congo e do Caboclo, assim como as artesãs Isabel, Dega, Deda, Conceição e tantos outros que nos trouxeram o universo do sertão no seu modo de fazer e compartilhar este fazer. A participação dos alunos de segundo grau dos IFRNs de Apodi e Pau dos Ferros colaboraram através dos conhecimentos em tecnologia e eletrônica adquiridos na educação formal do IF (curso de Informática). Através desta conjuntura de um encontro geracional e cultural criou-se uma forte simbiose cuja troca entre gerações e seus ofícios, com seu patrimônio imaterial e cultural assim como conhecimentos em diferentes áreas, somaram-se trabalhando de modo horizontal e compartilhado.